Andréia Amaral: conheça a história da mulher que cometeu exatamente o mesmo crime de Suzane von Richthofen oito anos antes

Andréia Gomes Pereira do Amaral (à. esq.) e Suzane von Richthofen (à dir.) tramaram a morte dos pais em 1994 e 2002, respectivamente Silvio Luiz/A Tribuna e ...


Andréia Amaral: conheça a história da mulher que cometeu exatamente o mesmo crime de Suzane von Richthofen oito anos antes
Andréia Amaral: conheça a história da mulher que cometeu exatamente o mesmo crime de Suzane von Richthofen oito anos antes (Foto: Reprodução)

Andréia Gomes Pereira do Amaral (à. esq.) e Suzane von Richthofen (à dir.) tramaram a morte dos pais em 1994 e 2002, respectivamente Silvio Luiz/A Tribuna e André Vieira/Marie Claire O assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, cometido por ela e pelos irmãos Cravinhos em 2002, tornou-se um dos casos policiais mais emblemáticos do país, sempre em evidência na mídia e até retratado em série. Poucos lembram, porém, que oito anos antes, em 1994, Santos (SP) já havia testemunhado uma trama semelhante: Andréia Gomes Pereira do Amaral também planejou a morte dos próprios pais. As similaridades entre os dois crimes impressionam até hoje. Suzane e Andréia eram estudantes de Direito, pertenciam a famílias de classe média alta, pouparam o irmão mais novo e entregaram a execução dos pais aos namorados — paralelos que resgatam um crime quase esquecido. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Quem eram os pais? Como aconteceram os crimes? Elas acionaram a polícia Como foram descobertas? Quais foram as motivações? Quais foram as condenações? Onde está Andréia? Por que não teve repercussão? 1. Quem eram os pais? Relembre o caso Suzane von Richthofen, condenada por matar os pais em 2002 Andréia tinha 20 anos e os pais eram o comerciante e dono de dezenas de imóveis da cidade, Antônio da Silva Amaral, de 53, e a dona de casa Deolinda Gomes Pereira do Amaral, de 42. A família de Suzane, que tinha 18 anos na época do crime, era descendente de nobres alemães por parte do pai, o engenheiro Manfred Richthofen, de 49. A mãe era a psiquiatra Marísia, de 50. Volte ao início. 2. Como aconteceram os crimes? Andréia Gomes Pereira do Amaral tramou a morte dos pais em 1994, em Santos (SP) Silvio Luiz/A Tribuna e BND Digital/Reprodução Em 29 de março de 1994, Andréia colocou um calmante nas bebidas dos pais e deixou o namorado D. (por ser menor de idade, os jornais publicavam apenas as iniciais do nome) entrar no triplex em que a família morava na Rua Pedro Américo, no bairro Campo Grande. O adolescente, de 17 anos, ficou no quarto de Andréia até receber o sinal dela de que os pais tinham dormido. Ele primeiro matou Antônio com 20 golpes de punhal no quarto do casal, e depois acertou 12 vezes em Deolinda na sala da residência. Em 31 de outubro de 2002, Suzane também permitiu a entrada do namorado Daniel e do cunhado Cristian na casa da família na Rua Zacarias de Gois, no bairro Campo Belo, em São Paulo (SP). Os irmãos Cravinhos mataram os pais dela a pauladas. Volte ao início. 3. Elas acionaram a polícia Andréia Gomes Pereira do Amaral acusou o pai de ter matado a mãe em Santos (SP), quando ela que teria tramado a morte dos dois BND Digital/Reprodução Um dia após o crime, Andréia emprestou o carro de Antônio para o namorado enterrar os corpos às margens do Rio Casqueiro, em Cubatão (SP). Em 31 de março daquele ano, a jovem procurou a polícia para dizer que o pai havia matado a mãe e fugido com o corpo. Suzane e Daniel foram para um motel após o assassinato dos pais dela. Eles passaram em um cybercafé para pegar o único irmão dela, Andreas von Richthofen, de 15 anos à época, e voltaram para casa. Foi a jovem que acionou a polícia. Andréia também poupou um irmão. A guarda da criança, que tinha apenas um ano, ficou para os tios por parte de mãe, assim como o irmão de Suzane que foi deixado sob tutela da avó e do tio materno. Volte ao início. 4. Como foram descobertas? Capa do Jornal A Tribuna, de Santos (SP), em abril de 1994 BND Digital/Reprodução Toda a verdade sobre Andréia veio à tona no dia 3 de abril de 1994, quando policiais apreenderam o namorado dela. O menor revelou o local onde havia enterrado o casal e acusou a filha das vítimas de ter tramado tudo. A jovem foi detida neste mesmo dia. Inicialmente o caso von Richthofen foi tratado como latrocínio, mas dez dias depois os envolvidos confessaram o crime. Volte ao início. 5. Quais foram as motivações? Moto comprada por Cristian Cravinhos após assassinato do casal von Richthofen Reprodução/TV Globo Andréia nunca deixou claro a motivação de ter mandado matar os pais. Em depoimento à polícia, ela contou que o menor a perguntou se ela tinha bronca de alguém. A estudante respondeu que Antônio e Deolinda eram ruins e "se eles sumissem seria maravilhoso". Ainda segundo o relato da jovem, o adolescente falou que poderia atender o desejo por prazer, mas perguntou à namorada sobre os bens da família. Uma quantia de aproximadamente 3 mil dólares (na época, 2,7 milhões de cruzeiros) foi combinada pela execução. O menor teria afirmado que queria uma moto Yamaha RD 350 e a paixão por este tipo de veículo também pode ser vista no caso von Richthofen. Os irmãos Cravinhos atualmente trabalham com customização de motos, e Cristian comprou um veículo após o assassinato do casal von Richthofen (veja acima). A motivação deste crime, no entanto, foi porque Manfred e Marísia eram contra o namoro de Suzane e Daniel. Volte ao início. 6. Quais foram as condenações? Caso Richtofen, da esquerda para a direita: Cristian Cravinhos, Suzane von Richtofen e Daniel Cravinhos, condenados a 39 anos pelo assassinato dos pais dela em 2002 Arte G1/ Carlos Henrique Dias/G1/ Luara Leimig/ TV Vanguarda/ Jomar Bellini/TV TEM Andréia foi condenada a 25 anos e dois meses pelos homicídios e ocultação dos cadáveres. A jovem teve o benefício da saída temporária do Dia dos Pais, em 2000, mas não voltou à Penitenciária Feminina do Butantã (SP). Ela foi presa no ano seguinte, após ser detida em flagrante por estelionato. O então namorado dela fugiu da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), que hoje foi substituída pela Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente). Na época, as informações eram de que ele havia viajado para Israel. Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos de prisão e Cristian a 38 anos pelo crime. Os três ficaram detidos no 'presídio dos famosos', em Tremembé (SP), mas hoje cumprem a pena em regime aberto. Volte ao início. 7. Onde está Andréia? Matéria do Jornal A Tribuna em 27 de maio de 1999, quando Andréia Gomes Pereira do Amaral conseguiu o direito de cumprir a pena em regime semiaberto BND Digital/Reprodução O g1 apurou que Andréia casou com um homem em 2019. O marido era ex-namorado dela na época do crime e chegou a ser julgado por vender um revólver para a jovem. O armamento só não foi utilizado para matar Antônio e Deolinda porque o adolescente não conseguiu improvisar um silenciador caseiro. O homem foi absolvido da acusação de ter participado do assassinato do casal, mas confessou que Andréia disse que utilizaria o revólver para matar o pai e também afirmou ter telefonado para Deolinda a pedido da jovem. O objetivo era distrair a mulher para que o adolescente conseguisse entrar na casa. O g1 tentou contanto com Andréia, mas não a localizou até a última atualização desta reportagem. Volte ao início. 8. O que torna uma criminosa famosa? Suzane von Richthofen deixando a penitenciária feminina de Tremembé, no interior de São Paulo Marcelo Goncalves/Sigmapress/Estadão O jornalista Ulisses Campbell, que assina a coluna "True Crime" do jornal O Globo e é roteirista da série "Tremembé" da Prime Video, falou sobre o caso de Andréia durante uma participação no podcast AchismosTV. "Tem um caso que é o espelho do caso da Suzane que aconteceu lá em Santos. Uma menina que junto com o namorado mataram os pais dela, e tinha até um irmão também que eles poupam", disse o jornalista. "Esse caso de Santos nunca ganhou a repercussão equivalente porque era em Santos", acrescentou ele. Campbell explicou que há elementos que tornam uma criminosa famosa, como Suzane von Richthofen. Sendo eles: ➡️Localização: Se ele acontece em uma das capitais do país, tem mais chances de ter repercussão. ➡️História: Precisa ter um bom enredo, como uma história de amor ou algo inusitado. ➡️Mídia: Se grandes programas jornalísticos noticiaram, o crime se torna mais famoso. ➡️Questão social: "Suzane e Elize Matsunaga são duas mulheres brancas com dinheiro, loiras, e o crime foi em bairro nobre de São Paulo. Então, isso contribui", afirmou o jornalista. ➡️Noticiário enfraquecido: Quando o caso ocorre em um momento em que não tem nada dominando o noticiário. "Eu lembro de um crime que ele só não repercutiu porque ele aconteceu no dia que caiu aquele avião da Chapecoense. Então, não tem como brigar", finalizou ele. Volte ao início. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos