Brasileiro relata clima de alerta após tremores e possibilidade de ‘megaterremoto’ no Japão
Prudentino Wagner Junior Melo, de 35 anos, vive em Kani-shi, na província de Gifu, no centro do Japão Arquivo pessoal O terremoto de magnitude 7,6 que atingiu...
Prudentino Wagner Junior Melo, de 35 anos, vive em Kani-shi, na província de Gifu, no centro do Japão Arquivo pessoal O terremoto de magnitude 7,6 que atingiu o nordeste do Japão no início da semana, deixando pelo menos 30 pessoas feridas e o subsequente alerta para a possibilidade de um “megaterremoto” mudaram o clima em várias regiões. Entre quinta e sexta-feira (12), um novo tremor, de magnitude 6,9, foi sentido em todo o norte do país asiático. Do outro lado do mundo, o prudentino Wagner Junior Melo, de 35 anos, acompanha essa rotina de perto. Há seis anos vivendo em Kani-shi, na província de Gifu, no centro do Japão e a cerca de 11 horas do epicentro do último tremor, ele conta que a mobilização é evidente, mas ainda assim tranquila. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 “O país está em alerta. Muita gente se preparou fazendo estoque de alimentos e água”, relata em entrevista ao g1. “O governo também reforça a orientação de manter um kit de emergência pronto e ter comida reserva em casa”. Wagner se mudou para o Japão em busca de segurança e melhores oportunidades. Na rotina japonesa com esposa e filha, ele passou a conviver com fenômenos naturais frequentes. “Terremotos pequenos fazem parte da rotina no Japão, é muito comum, assim como os tufões no verão”, diz. Mesmo morando em uma área considerada segura, ele já sentiu abalos mais fortes, como o de Ishikawa, entre o fim de 2023 e início de 2024. “Naquele dia, sentimos aqui um abalo entre 3 e 4 pontos na escala, algo bem forte e longo”, lembra. Alto-falantes alertam os moradores quando tem algo acontecendo Arquivo pessoal Com o tremor desta semana e o raro alerta de um possível megaterremoto, a tensão aumentou, mas sem provocar o comportamento de pânico que seria comum em outros países. “As pessoas estão atentas, mas sem pânico. Aqui o comportamento costuma ser bem calmo”, explica. Na região onde mora, a rotina segue praticamente normal. Ele recebeu o alerta pelo celular, como acontece em emergências — o sistema japonês envia notificações segundos antes de um tremor. “Aqui está tudo tranquilo. Nas áreas mais afetadas, é comum faltar água, arroz e papel higiênico nas primeiras horas após o terremoto”, afirma. O transporte público também costuma parar temporariamente para inspeções de segurança. Entre os produtos de emergência estão comida, kit de primeiros socorros e iluminação Arquivo pessoal/Wagner Junior Melo A preparação para fugir rapidamente faz parte do dia a dia de quem vive no Japão, e Wagner mantém desde agosto uma mochila de emergência pronta. “Se precisar fugir, [o kit de emergência] está no jeito”. Dentro dela, há comida, roupas, kit de primeiros socorros, lanternas e ferramentas básicas. “É por segurança mesmo — nunca se sabe quando pode acontecer”, completa. Segundo Wagner, a calma dos japoneses diante de riscos naturais é resultado de uma cultura de preparação que começa cedo. “Aqui isso é ensinado desde a infância. As crianças aprendem a manter a calma e a se proteger embaixo das mesas ou estruturas firmes”, explica. Além disso, bairros e empresas fazem treinamentos regulares, simulam evacuações e mantêm voluntários prontos para ajudar crianças e idosos. Em cada distrito há abrigos de concreto preparados para terremotos e tufões, e nas cidades costeiras as rotas de fuga e pontos elevados são sinalizados de forma clara. Placas com orientações sobre como agir em fenômenos naturais no Japão Arquivo pessoal O brasileiro também destaca medidas que se diferenciam do Brasil, como o seguro obrigatório contra terremotos e incêndios tanto para casas próprias quanto para aluguel. Os carros exibem avisos no painel quando há risco sísmico, e os canais de TV interrompem imediatamente a programação diante de qualquer alerta. Mesmo com o risco real de novos tremores, Wagner diz que o cotidiano segue sem medo. “Já virou algo normal. A gente não vive assustado. Você segue a vida normalmente e só lembra do risco quando realmente acontece algo”, afirma. Para ele, a alta capacidade de resposta do país e a organização social fazem toda a diferença. “No geral, o Japão é muito bem preparado e oferece bastante segurança.” Mochila da família com kits de emergência está pronta há meses para qualquer eventualidade Arquivo pessoal/Wagner Junior Melo Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM