Centenário de Santo Morales: lenda do bolero, brasileiro deixou legado na música e vendeu mais discos no México do que os mexicanos
Centenário de Santo Morales: lenda do bolero, brasileiro deixou legado na música Lenda, ícone e referência. Essas três palavras poderiam muito bem definir ...

Centenário de Santo Morales: lenda do bolero, brasileiro deixou legado na música Lenda, ícone e referência. Essas três palavras poderiam muito bem definir Santo Morales no cenário artístico nacional. Cantor, compositor, produtor e pioneiro da televisão, ele levou o Brasil a todos os cantos do mundo. O brasileiro, natural de Sorocaba (SP), completaria 100 anos nesta quarta-feira (15). Ele morreu em 29 de dezembro de 2024. No auge, com suas canções em castelhano, sem sotaque ou qualquer rastro de língua estrangeira, vendeu mais discos no México do que os próprios artistas mexicanos. Um marco para os dois países sul-americanos. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Centenário de Santo Morales: lenda do bolero, brasileiro deixou legado na música e vendeu mais discos no México do que os mexicanos Arquivo Pessoal História com celebridades Ainda nos tempos da TV Tupi, João Gilberto, lembrava Morales, não trazia violão para tocar em suas apresentações na capital. Assim, quando estava em São Paulo, batia na casa de Morales para emprestar o instrumento. Também tinha amizade com Tom Jobim, com quem dividiu o momento da composição de “Eu sei que vou te amar". Foi amigo, ainda, de Vinícius de Moraes. "Eu fui levar uma correspondência (..) pro Tom Jobim. O Jobim tava na cama, deitado com uma prancheta com a música "Eu sei que vou te amar". E ele tava compondo a música. E ele falou: olha Morales, com uma letra dessa aqui, qualquer música fica bonita. Palavras do Tom Jobim", disse em entrevista ao site A Música De, em 2021. Morales, que tinha formação em música, também teve grandes sucessos no samba, gênero que apreciava e tinha grande afinidade, assim como a Bossa Nova. A primeira gravação de Hebe Camargo, conforme entrevista para o portal A Música De, também era de composição dele. Os Três Moraes Centenário de Santo Morales: lenda do bolero, brasileiro deixou legado na música Arquivo Pessoal Em 1963, com a irmã Jane e o irmão Roberto, Santo Morales começa a história do trio Os Três Moraes. O objetivo era gravar jingles de propaganda. Mas eles foram muito além. Foi no grupo que ele se dedicou ao espanhol, gravou bolero e "estourou" com o gênero no estilo romântico, alcançando sucesso nacional e internacional. Como produtor, foram inúmeros sucessos revelados e administrados por ele, além da participação ativa e decisiva nas carreiras de Secos e Molhados, Tom Zé, Ney Matogrosso, Belchior e Silvio Brito. Segundo a família, no final da década de 1940, Santo Morales, ainda Sidney Moraes, se mudou para São Paulo para trabalhar na Rádio Tupi. A família se baseou no bairro Tatuapé. Parte dos parentes ainda mora em Sorocaba. São primos e primas de Morales. Formado em desenho técnico pelo Senai, ele também fazia questão de lembrar que morou e estudou em Tatuí, na região de Itapetininga. Pioneiro da televisão Entre tantos feitos de Santo Morales, um envolve a televisão. Quando houve a primeira transmissão, em 1950, na antiga TV Tupi, ele estava lá. Pela importância do momento, ele foi homenageado em setembro de 2000 pelo Governo do Estado de São Paulo, quando recebeu um diploma da Secretaria de Cultura como pioneiro da Televisão do Brasil. O ato foi em alusão aos 50 anos da TV no país. Hobby Santo Morales também tinha paixão pelo desenho Arquivo Pessoal Embora vivesse música e vivesse da música, Santo Morales também tinha outras atividades que fazia no seu dia a dia. Um hobby era desenhar. Foi a essa atividade que ele se dedicou nos últimos anos de vida. Saudade que não passa Silvia Zolffmam, filha de Morales, lembra muitas das histórias do pai. Ela confidencia a maior lembrança que tem do artista. “A maior lembrança é ele tocando violão e cantando samba-canção para aquecer a voz e os dedos no violão”. Ela também se recorda de uma tradição mantida pelo pai, que transformava a casa. “Ele tocava essa música no violão toda semana em casa. Adorava.” Era “Vou Deitar e Rolar - Quaquaraquaqua". A canção interpretada por Morales à família fez grande sucesso na voz de Elis Regina. Orgulho da terra natal Em suas apresentações e entrevistas, Santo fazia questão de lembrar com orgulho da sua terra natal. Nasceu no antigo bairro Pirajibu, hoje bairro do Éden, na estrada que ligava Sorocaba a Itu. “Ele tinha uma ligação forte com a cidade, gostava muito e sempre falava”, conta a filha, que nasceu em São Paulo, mas foi batizada em Sorocaba por vontade do pai. Ele lembra ainda que os tios de Morales vendiam sorvete pelas ruas de Sorocaba. “E ele ia sentado no carrinho do tio, tomando sorvete”, recorda. "Ele gostava de comemorar seus aniversários, estar rodeado pela família. Tinha lindas memórias da sua carreira musical. Ele foi até seus últimos dias, escutando suas músicas tão prestigiadas, seus discos de outo e platinas, suas capas tão lindas. Ele tinha orgulho de ser o que ele era e era um pai muito amado." Foram 99 anos de vida, sendo 78 anos grudado ao violão. Certa vez, Santo foi aprovado para ser professor do Senai, mas havia os trabalhos da Tupi. O Senai impôs a escolha: ou professor ou músico. Ele escolheu o palco, o microfone e o público. O resultado todo mundo sabe qual foi. Santo Morales é lenda do bolero e se dedicava muito à família Arquivo Pessoal Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM