Fictor suspende operação de compra do Banco Master após liquidação extrajudicial

Banco Central determina a liquidação extrajudicial do Banco Master O consórcio de investidores globais liderado pela Fictor Holding Financeira anunciou, nest...

Fictor suspende operação de compra do Banco Master após liquidação extrajudicial
Fictor suspende operação de compra do Banco Master após liquidação extrajudicial (Foto: Reprodução)

Banco Central determina a liquidação extrajudicial do Banco Master O consórcio de investidores globais liderado pela Fictor Holding Financeira anunciou, nesta terça-feira (18), a suspensão da operação de compra do Banco Master. "A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários", disse a Fictor por meio de nota. O grupo afirmou que tomou conhecimento da liquidação extrajudicial da instituição pelo Banco Central do Brasil (BC) por meio da imprensa e reforçou que a operação envolvendo o Banco Master estava "integralmente condicionada à análise e à aprovação prévia dos órgãos reguladores". "Desde o início, conduzimos todas as etapas com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais", informou a Fictor por meio de nota. O consórcio liderado pela Fictor havia anunciado, na véspera, uma proposta de compra do Banco Master. A operação previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar a estrutura de capital da instituição e incluía a aquisição de todas as ações de Daniel Vorcaro, acionista controlador do Master. ➡️ A Fictor Holding Financeira é um grupo de participações e gestão de empresas que atua nos setores de serviços financeiros, indústria alimentícia e infraestrutura. O grupo também é patrocinador do Palmeiras. O que aconteceu com o Banco Master? O Banco Central decidiu nesta terça-feira (18) colocar o Banco Master sob administração especial temporária por 120 dias e decretar a liquidação extrajudicial do conglomerado. 🔎 A liquidação extrajudicial ocorre quando o Banco Central encerra as atividades de um banco que não tem mais condições de operar. Um liquidante assume o controle, fecha as operações, vende os bens e paga os credores na ordem prevista em lei, até extinguir a instituição. Nessa fase, as operações são finalizadas e o banco deixa de integrar o sistema financeiro nacional. O Banco Master já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e a investimentos considerados arriscados. O caso mais conhecido era a emissão títulos de renda fixa, os CDBs, que pagavam até 40% acima da taxa média do mercado. (veja aqui o que acontece com investidores) O presidente do banco, Daniel Vorcaro, foi preso ontem em uma operação da Polícia Federal. Além dele, seis dos sete mandados de prisão foram cumpridos pelos agentes, além de 25 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. O objetivo da operação é combater a venda de títulos de crédito falsos. Ou seja, a instituição emitia CDBs com a promessa de remunerar clientes com taxas muito superiores às praticadas pelo mercado, mas o pagamento não ocorria. Segundo as investigações: O Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs) prometendo juros acima das taxas de mercado e sem comprovar que tinha liquidez, ou seja, que conseguiria pagar esses títulos no futuro. Ao comprar um CDB, o cliente empresta o dinheiro ao banco e recebe juros em troca. Para reforçar essa impressão de liquidez, o Master aplicou parte desses R$ 50 bilhões em ativos que não existem, comprando créditos de uma empresa chamada Tirreno. O Master não pagou nada por essa compra, mas logo em seguida vendeu esses mesmos créditos ao BRB — que pagou R$ 12,2 bilhões, sem documentação, para "socorrer" o caixa do Banco Master. Essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master — e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do DF. Além disso, o Master era conhecido por comprar precatórios e investir em empresas em dificuldade. Para evitar a quebra, foram realizadas tentativas de venda do banco, o que inclui uma proposta do BRB. Todas acabaram canceladas, envoltas em questionamentos, pressões políticas e falta de transparência. A EFB Regimes Especiais de Empresas foi designada para conduzir a administração especial. Com a liquidação, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida. LEIA MAIS Banco Central determina a liquidação extrajudicial do Banco Master Liquidação do Banco Master: como ficam correntistas e investidores? Veja a nota na íntegra da Fictor Holding Financeira O consórcio de investidores globais liderado pela Fictor Holding Financeira tomou conhecimento, pela imprensa, da decisão anunciada nesta terça-feira (18/11) referente à liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central do Brasil, bem como das medidas adotadas pelas autoridades competentes em relação aos atuais controladores da instituição. Como informado ontem, a operação envolvendo o Banco Master estava integralmente condicionada à análise e à aprovação prévia dos órgãos reguladores. Desde o início, conduzimos todas as etapas com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais. Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de supervisão e controle, assim como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro. A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, o consórcio não comentará o mérito das investigações. Fachada do Banco Master na cidade de Ssão Paulo, nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025. Werther Santana/Estadão Conteúdo Veja os vídeos em alta no g1: Veja os vídeos que estão em alta no g1 *Esta reportagem está em atualização