Justiça determina nova prisão de homem que matou a tia e arrancou o coração dela em MT após episódio de violência doméstica

Lumar Costa da Silva, de 34 anos Arquivo pessoal A Justiça de Mato Grosso determinou que Lumar Costa da Silva, que matou e arrancou o coração da própria tia...

Justiça determina nova prisão de homem que matou a tia e arrancou o coração dela em MT após episódio de violência doméstica
Justiça determina nova prisão de homem que matou a tia e arrancou o coração dela em MT após episódio de violência doméstica (Foto: Reprodução)

Lumar Costa da Silva, de 34 anos Arquivo pessoal A Justiça de Mato Grosso determinou que Lumar Costa da Silva, que matou e arrancou o coração da própria tia, retorne à internação psiquiátrica. Ele recebeu alta médica do Centro Integrado de Atenção Psicossocial à Saúde Adauto Botelho (CIAPS), em Cuiabá, há cerca de cinco meses, e estava morando em São Paulo com o pai. A decisão, assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, na última terça-feira (11), determina que Lumar seja reconduzido ao CIAPS Adauto Botelho para uma nova avaliação do quadro clínico. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MT no WhatsApp Segundo o magistrado, Lumar se envolveu em um suposto episódio de violência doméstica contra uma mulher. Além disso, há indícios de piora no estado de saúde mental e interrupção do uso de medicamentos, fatores que, segundo a decisão, representam “grave violação das condições impostas para que ele deixasse a internação”, além de indicarem “reiteração de conduta violenta”. Diante disso, o juiz ordenou a retomada do tratamento em ambiente controlado e multidisciplinar, como forma de proteção do próprio paciente e da coletividade. O magistrado reforça que é “expressamente vedado seu recolhimento em unidade prisional comum”. Ele estava vivendo em Campinas (SP), sob a tutela do pai, e fazia acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). À época da alta, mesmo com diagnóstico de transtorno mental crônico e avaliação de periculosidade, a equipe havia considerado que seria possível o manejo adequado de seu quadro desde que houvesse acompanhamento multiprofissional contínuo, condição que, segundo a Justiça, não foi mantida. Lumar matou Maria Zélia da Silva, de 55 anos, em julho de 2019, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Depois, ele levou o coração da vítima e o entregou para uma filha dela. Ele foi absolvido em junho de 2022 e, na época, foi determinado que ficasse internado em hospital de custódia por prazo indeterminado por apresentar risco à sociedade. Relembre o caso Homem que matou tia e arrancou coração tem alta de hospital psiquiátrico O sobrinho tinha se mudado para Mato Grosso há quatro dias depois de tentar matar a mãe dele em Campinas, São Paulo. O delegado, à época, André Ribeiro, classificou o rapaz como ‘repugnante, monstro e perturbado’. De acordo com a Polícia Civil, Lumar chegou a Mato Grosso no dia 28 de junho de 2019 para morar com a tia. No mesmo dia, ele entregou currículos na cidade. A família dizia que ele é considerado uma pessoa inteligente e fala duas línguas. Ele era usuário de drogas e começou a usar entorpecentes na casa dela. Religiosa, a vítima se sentia incomodada com as atitudes do sobrinho. A família arranjou uma quitinete para ele e o rapaz se mudou da casa. No dia 10 de julho ele prestou depoimento na Polícia Civil e, ao sair, afirmou à imprensa que ouviu 'vozes' do universo que o orientaram a cometer o crime. Ele confessou o crime e disse não estar arrependido. “Matei e não me arrependo. Eu ouço o universo, o universo fala comigo sempre e me disse: mata ela logo, ela tem que morrer”, declarou, à época. Maria Zélia da Silva, de 55 anos, foi assassinada em Sorriso Arquivo pessoal Oito dias depois ele foi transferido para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira, em Sinop. Durante a transferência, Lumar foi flagrado por um agente tentando enforcar outro preso dentro do camburão onde eles eram transportados. Laudos psiquiátricos Um laudo entregue à Justiça em 2020 apontou que o sobrinho que matou e arrancou o coração da tia tem transtorno afetivo bipolar e não possui condições de viver em sociedade. Um segundo laudo foi elaborado. No entanto, a Justiça considerou que foi uma "cópia do primeiro" e também não apresentou a conclusão e nem respondeu aos questionamentos do magistrado. O documento sugeriu que Lumar poderia ter uma patologia, destacou que o profissional de saúde que o acompanha na custódia poderia ser mais preciso no diagnóstico. O terceiro laudo é do médico psiquiatra forense Rafael de Paula Giusti. Ele diz que, segundo as diretrizes da 5° edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o homem possui características de Transtorno Afetivo Bipolar. "Um comprometimento com humor expansível, autoestima grandiosa e atenção a atividades exacerbadamente aumentadas em um período onde apresenta-se mais loquaz que o habitual, seguidos por um período onde há a presença de um humor deprimido associado a sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte caracteriza a doença Transtorno Afetivo Bipolar tipo I", diz trecho do laudo. Lumar Costa da Silva, de 28 anos, foi preso e ficou em silêncio durante depoimento na delegacia de Sorriso Portal Sorriso Segundo o exame, nos vários tipos do transtorno bipolar, há comprometimento do juízo, da crítica e do autocontrole do paciente. Além disso, podem ser observadas alterações ligadas ao aumento de impulsividade, podendo ter um comportamento incisivo e agressivo. Lumar relatou ao psiquiatra que fazia o uso de substâncias psicoativas como o LSD. Pacientes que possuem esse tipo de transtorno e faz o uso dessas substâncias têm 10 vezes mais probabilidade de cometer crimes violentos em comparação com a população geral. "Não restam dúvidas que o periciando padeça de Transtorno Afetivo Bipolar, conforme descrito anteriormente. E é inevitável considerar que o fato do periciando ter feito uso de substancias alucinógenas no dia do crime contribuiu para agravamento do quadro do humor e desenvolvimento dos sintomas psicóticos relatados", diz a conclusão do laudo. De acordo com o laudo, Lumar necessita de tratamento psiquiátrico por tempo indeterminado.