Mulher de Rodrigo Manga sabia de contratação de organização social antes de contrato: 'Vai assumir a UPA do Éden'
Print anexado em relatório da PF mostra que Sirlange Maganhato, mulher de Rodrigo Manga, sabia da contratação da Aceni antes da entidade vencer contrato Repr...
Print anexado em relatório da PF mostra que Sirlange Maganhato, mulher de Rodrigo Manga, sabia da contratação da Aceni antes da entidade vencer contrato Reprodução Sirlange Frate Maganhato, mulher do prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), sabia que o Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) assumiria a gestão da UPA do Éden antes mesmo da formalização do contrato entre a prefeitura e a entidade. A informação consta no relatório da Polícia Federal que embasou o afastamento de Manga por 180 dias. No documento da Polícia Federal, consta uma troca de mensagens do dia 5 de julho de 2021 entre Sirlange e Fausto Bossolo, que na época era secretário de Administração de Sorocaba, mostrando que a primeira-dama enviou a Bossolo o link de uma reportagem que mostra que a Aceni estaria envolvida em um suposto caso de corrupção. Veja a conversa acima. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Após enviar o link, Sirlange encaminha uma mensagem dizendo "vai assumir a UPA do Éden". Conforme a investigação, a mensagem informando que a Aceni assumiria a UPA do Éden foi encaminhada de outra pessoa, e não escrita diretamente por Sirlange. Sirlange Maganhato, esposa de Rodrigo Manga, é exonerada do cargo Em seguida, a primeira-dama questiona: "não podemos fazer com Santa Casa isso ou com empresas boas?" No mesmo dia em que Sirlange Maganhato enviou mensagens a Fausto Bossolo, o prefeito Rodrigo Manga também encaminhou a ele o link da reportagem citando a Aceni. Veja abaixo. Relatório da Polícia Federal aponta que Manga recebeu informações sobre um suposto escândalo envolvendo a organização social, responsável pela gestão de unidades de saúde em Sorocaba (SP) Reprodução A Polícia Federal considera "muito relevador" que Sirlange, Manga e pessoas próximas já tinham conhecimento, em 5 de julho de 2021, que a Organização Social (OS) venceria o processo para administrar a unidade de saúde, pois a Aceni foi escolhida entre as entidades que apresentaram proposta para gestão da unidade somente no dia 8 de julho de 2021, ou seja, três dias após as conversas. Polícia Federal considera 'muito revelador' que Sirlange, Manga e pessoas próximas ao casal soubesse da contratação da Aceni antes da entidade vencer edital Reprodução A informação aparece no quadro comparativo de preços, dentro do Processo Administrativo CPL 249/2021, que compara as propostas e indica oficialmente qual empresa apresentou o melhor preço, segundo consta no relatório da PF. Edital Reprodução Sirlange no suposto esquema Empresária no ramo de comunicação, segunda suplente do senador Marcos Pontes pelo Partido Liberal (PL) e casada com o prefeito afastado Rodrigo Manga, Sirlange Maganhato, de 46 anos, foi exonerada do cargo de presidente do Fundo Social de Solidariedade (FSS) nesta quinta-feira (13). A exoneração ocorre uma semana após Manga ser afastado do cargo pela Justiça Federal durante a Operação Copia e Cola, da Polícia Federal. A investigação da Polícia Federal detalhou o papel central de Sirlange e da a empresa dela no suposto esquema de lavagem de dinheiro proveniente de propinas de contratos públicos. Ela é investigada por participar de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Rodrigo Manga e a esposa, Sirlange Maganhato Sirlange Frate/Instagram/Reprodução O principal mecanismo de lavagem, segundo a PF, era a celebração de "contratos de publicidade dissimulados". As operações eram realizadas por meio de pessoa jurídica da qual Sirlange é sócia: a Sirlange Rodrigues Frate – ME, que hoje opera sob o nome 2M Comunicação e Assessoria. A PF afirma que esses contratos não passavam de "ficção, um estratagema" elaborado com a finalidade de reinserir na economia formal os valores de origem ilícita. Dois contratos foram minuciosamente detalhados pela investigação, totalizando a suposta lavagem de R$ 1.228.500,00 . O primeiro contrato dissimulado foi firmado entre a 2M Comunicação e Assessoria e a empresa SIM Park Estacionamento Eireli (Mosteiro Park), pertencente ao investigado Marco Silva Mott. Juntos, Sirlange, o Prefeito Rodrigo Maganhato e Marco Mott ocultaram e dissimularam a origem de R$ 448,5 mil. O contrato, firmado em janeiro de 2021, previa pagamentos de R$ 8,5 mil mensais até julho de 2025. A PF considerou essa prestação de serviço uma "farsa" ao constatar que a empresa não respondia a mensagens privadas e que Marco Mott, em outra contratação real, pagava apenas R$ 2,5 mil por serviços de marketing digital. O segundo contrato de publicidade dissimulado envolveu a 2m Comunicação e Assessoria e a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus. Neste caso, Sirlange, Manga, Josivaldo Batista de Souza e Simone Rodrigues Frate de Souza ocultaram R$ 780 mil, também com contratos de publicidade. A igreja, segundo a investigação, efetuou pagamentos mensais de R$ 30 mil à 2M entre fevereiro de 2021 e junho de 2023. A PF argumenta que esses valores tinham origem ilícita, pois Josivaldo Batista fazia depósitos em espécie fracionados em sua conta pessoal e, no mesmo dia, transferia R$ 30 mil para a Cruzada, que repassava o valor exato à empresa de Sirlange. Além do uso das empresas, Sirlange é citada por participar da ocultação de R$ 182,5 mil na aquisição da atual residência do casal. Prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), seria líder de esquema de corrupção TV TEM/Reprodução O que dizem os citados A defesa de Sirlange Rodrigues Frate Maganhato informou que todas as operações financeiras mencionadas na investigação são lícitas, corroboradas por documentação e devidamente declaradas em Imposto de Renda. Disse ainda que todos os serviços mencionados foram efetivamente prestados e os valores faturados correspondem às atividades executadas. A defesa de Rodrigo Manga, por meio do escritório Bialski Advogados Associados, disse, em nota, que a investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente. Os representantes de Josivaldo, Simone e da Igreja Cruzada de Milagres dos Filhos de Deus afirmam que jamais participaram de qualquer atividade ilícita e que todos os recursos da igreja e de seus sócios estavam devidamente declarados às autoridades desde 2018. A defesa de Marco Mott disse que mostrará os equívocos de interpretação e a legitimidade dos negócios jurídicos realizados pelo empresário. O g1 e a TV TEM procuraram o ex-secretário Fausto Bossolo, que não quis se manifestar. Entenda a investigação A investigação que levou à operação teve início em 2022, após suspeitas de fraudes na contratação da Organização Social (OS) Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) para administrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde em Sorocaba. A OS fez a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden. O g1 e a TV TEM conseguiram, com exclusividade, em julho de 2024, acesso a documentos de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Rio Grande do Sul. Os documentos traziam elementos, obtidos via interceptação telefônica e quebra de sigilo de mensagens, de que a relação entre os investigados e a OS começou antes mesmo da eleição de 2020 e teria sido conduzida diretamente por Manga. Os documentos já estão com promotores de Sorocaba. Com base nessas informações e em outras reportagens publicadas, o g1 preparou uma linha do tempo sobre o caso, das reuniões em 2020 às operações em 2025. Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP) Arte g1 Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM