Troca de tiros entre gangues rivais deixou inocente sem movimento das pernas ao ser baleado: 'Aprende a viver de novo'

Série 'Guerra de Gangues': disputa pelo tráfico deixa inocentes feridos em confrontos Um jovem, de 24 anos, inocente perdeu o movimento das pernas ao ser bale...

Troca de tiros entre gangues rivais deixou inocente sem movimento das pernas ao ser baleado: 'Aprende a viver de novo'
Troca de tiros entre gangues rivais deixou inocente sem movimento das pernas ao ser baleado: 'Aprende a viver de novo' (Foto: Reprodução)

Série 'Guerra de Gangues': disputa pelo tráfico deixa inocentes feridos em confrontos Um jovem, de 24 anos, inocente perdeu o movimento das pernas ao ser baleado três vezes, durante um tiroteio entre integrantes de gangues rivais em frente a uma barbearia no bairro Nova Esperança, em São José do Rio Preto (SP). A marca dos tiros está na parede do estabelecimento e no corpo de Caio Vinícius Rodrigues. O jovem ficou 15 dias internado no hospital, sendo cinco deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Caio precisou passar por cirurgias e teve complicações médicas. Voltar para a casa, com a mulher e o filho de dois anos, foi um alívio, acompanhado de desafios. “Tudo muda. Você aprende a viver de novo. O gesto mais simples de sua casa é pegar uma água na geladeira. Hoje, me causa transtorno. Desde quando aconteceu, eu nunca peguei essa água na geladeira”, detalha Caio. Tiro atingiu parede em frente à barbearia e braço de Caio, em Rio Preto (SP) Reprodução/TV TEM Por trás do sofrimento de quem perdeu alguém ou de quem sobreviveu com sequelas - sejam físicas ou emocionais - , está uma organização criminosa fortalecida e disposta a matar para manter o controle do tráfico de drogas. Neste ano, três vítimas da gangue também não tinham relação com o tráfico, segundo a polícia. Uma jovem grávida foi atingida por bala perdida no bairro João Paulo II e ficou 30 dias sem andar. Entenda mais abaixo. Os dados e informações do inquérito policial sobre o grupo foram obtidos com exclusividade pela equipe da TV TEM e são exibidos na série de reportagens especiais, intitulada “Guerra de Gangues”, a partir de segunda-feira (24). A primeira reportagem pode ser acessada no link. Caio foi baleado e perdeu movimento das pernas em Rio Preto (SP) Reprodução/TV TEM Plano para matar Um dos trechos das investigações mostra um áudio de WhatsApp, obtido pela polícia, em que criminosos detalham um plano de ataque. É possível ouvir que os suspeitos falam sobre se aproximar por uma área de mata para surpreender os rivais. No diálogo, os criminosos explicam como chegariam “sem serem vistos” e sairiam rapidamente do bairro após a ação. O objetivo era claro: atingir quem estivesse pela frente na área dominada pela gangue inimiga. “E nós podíamos vir pelo fundo, pelo mato, né? Eles falavam que não iam nem ver a gente quando a gente veio do nada. Nós já íamos sair lá em cima deles, bem na biqueira, lá dentro pelo mato, né? Vindo por trás, também pelo mato. Nós íamos lá para o bairro de cima, deixávamos o carro meio que parado lá [...]”, detalha no áudio. Liderança violenta Rian Lucas Braga Vieira da Silva (à esquerda), José Guilherme Lozano Júnior (ao centro) e Kalyson Signorini de Angelo Macedo (à direita) Arquivo pessoal Nesse cenário, um dos chefes apontados pela polícia é Kalyson Signorini de Angelo Macedo, de 20 anos, que está preso. Ele é apontado como responsável por ordenar homicídios e tentativas de homicídios. Outro investigado é o comparsa, Rian Lucas Braga Vieira da Silva, de 22 anos, também preso, suspeito de atuar ao lado de Kalyson nas execuções. Durante cinco anos, antes de ser preso em setembro do ano passado por duas tentativas de homicídio, Kalyson comandava pontos de tráfico de drogas no bairro João Paulo II, era mandante de homicídios e o responsável pela aquisição das armas. Ele comprava e distribuía o armamento para outros integrantes. O grupo comprava pistolas semiautomáticas e ostentava o arsenal nas redes sociais, tanto para intimidar quanto para se impor diante dos rivais. Internamente, os integrantes eram reconhecidos por codinomes como “homem de pedra”. Organização recrutava menores Segundo a polícia, 44 pessoas faziam parte da organização criminosa chefiada por Kalyson e Rian, entre eles, adolescentes, a partir de 15 anos. Na disputa por territórios para a venda de drogas, o grupo formado por 25 homens e 19 mulheres, participou de vários crimes. A polícia registrou 37 homicídios e tentativas de homicídio em menos de um ano e meio. Na maioria das vezes, os crimes eram planejados pelo WhatsApp com detalhes de rotas de fuga, horários, posicionamentos e funções de cada participante. “Ela vai descendo no chão, ela vai dando uma passadinha aqui, e vai estrombar lá no escaralhão, e nós matamos”, diz um áudio. 🚔 'Guerra de Gangues' Reportagem e apresentação: Monize Poiani Produção: Janaína de Paula Imagens: Eduardo Durú e João Selare Edição de imagem: Aristeu André Edição de arte: Guilherme Orsi Edição de texto: Thiago Vasconcelos Edição de texto web: Desirèe Assis e Eric Mantuan Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM