Veja quem são as pessoas do 'alto escalão' da Prefeitura de Sorocaba citados em investigação da PF
Secretários e ex-secretários municipais de Sorocaba (SP) são citados em investigação da PF; todos continuam em cargos públicos Câmara Municipal de Soroca...
Secretários e ex-secretários municipais de Sorocaba (SP) são citados em investigação da PF; todos continuam em cargos públicos Câmara Municipal de Sorocaba/Divulgação Secretários, ex-secretários e servidores da Prefeitura de Sorocaba (SP) foram citados pela Polícia Federal na investigação que apura um suposto esquema de propina envolvendo contratos municipais. As informações estão no documento que embasou, além das prisões de Josivaldo Batista Souza e Marco Mott, o afastamento do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) por 180 dias. O g1 e a TV TEM tiveram acesso aos documentos que mostram como era o suposto esquema e a suposta participação dos servidores. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Pelo menos seis dos citados ainda ocupam cargos na Prefeitura de Sorocaba. São eles: Clayton Cesar Marciel Lustosa, secretário do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; Glauco Enrico Bernandes Fogaça, diretor presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto; Luciana Mendes da Fonseca, secretária de Administração; Márcio Bortolli Carrara, ex-secretário da Educação e atual assessor de gabinete na Secretaria de Governo; Marcelo Duarte Regalado, secretário municipal da Fazenda; Paulo Henrique Marcelo, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e atual assessor do Gabinete Central. Os servidores aparecem na contabilidade paralela de Josivaldo como supostos beneficiários de pagamentos ilícitos ligados ao esquema de corrupção. Até a noite desta quarta-feira (12), porém, eles não eram investigados pela Polícia Federal. Segundo relatório da PF, o nome "BP Cleyton" se refere a Clayton Lustosa e que a sigla "BP" significa bispo, título religioso do secretário. Ele aparece em três registros na contabilidade paralela de Josivaldo e teria recebido R$ 55 mil de origem ilícita. Nome que aparece em anotações financeiras de Josivaldo seria de Clayton Cesar Marciel Lustosa, secretário do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte Reprodução Márcio Bortolli Carrara é mencionado no relatório como tendo recebido com valores de R$ 100 mil. Na contabilidade de Josivaldo, a PF identificou quatro pagamentos feitos à uma pessoa com o nome "Carra" e "Carrara". A investigação entendeu que se trata do ex-secretário. Carrara é investigado em um processo de licitação na cidade sobre a compra dos kits de robótica e ficou afastado do cargo de secretário da Educação por sete meses, até ser exonerado em fevereiro do ano passado. Atualmente, ele ocupa cargo de assessor de gabinete. PF aponta que 'Carrara' que aparece em contabilidade paralela de Josivaldo seria Marcio Bortolli Carrara, ex-secretário de Educação e atual assessor de gabinete na Prefeitura de Sorocaba (SP) Reprodução Outro ex-secretário que aparece no relatório como tendo recebido R$ 100 mil é Paulo Henrique Marcelo, citado nas movimentações financeiras como "PH". A PF também localizou conversas entre Josivaldo e Paulo Henrique em aplicativos de mensagem, marcando encontros presenciais. Paulo foi condenado a prisão por propina e superfaturamento na compra de um prédio, no valor de R$ 30 milhões, que seria a sede da Secretaria de Educação. A compra do prédio ocorreu em 2021, no primeiro ano da gestão do prefeito Rodrigo Manga. Ele recorre da decisão em liberdade. Contabilidade paralela aponta quatro possíveis pagamentos a "PH", que a Polícia Federal interpretou como Paulo Henrique Marcelo, ex-secretário de Desenvolvimento de Sorocaba Reprodução Luciana Mendes da Fonseca é relacionada com a descrição "Dra". Ela aparece tendo recebido, supostamente, sete pagamentos, porém, não consta no relatório os valores pagos. Prints anexados ao relatório mostram troca de entre Luciana e Josivaldo. Na conversa, a secretária compartilha informações e preocupações internas com Josivaldo, que não tem cargo público, o que demonstra, conforme a PF, que o pastor tem acesso e influência dentro da administração municipal. As anotações com os termos “regalado”, “regado” e “rega” fazem referência a Marcelo Duarte Regalado, atual Secretário da Fazenda de Sorocaba, conforme apontam os investigadores. De acordo com a Polícia Federal, foram identificados quatro registros de pagamentos associados ao nome do secretário, todos vinculados aos valores “3.5” ou “3.500”, que indicariam transferências em dinheiro. Duas anotações com o nome "Glauco" também aparecem nos registros de Josivaldo, com valores de "4.150" e "4.700". A PF relaciona o registro a Glauco Enrico Bernandes Fogaça, diretor-presidente do Saae, autarquia municipal responsável por serviços de abastecimento e saneamento na cidade. A Polícia Federal também encontrou conversas entre Josivaldo e Glauco Fogaça no celular apreendido. Glauco Fogaça, diretor-presidente do Saae, é citado em relatório como tendo recebido pelo menos dois pagamentos Reprodução Conforme a Polícia Federal, os pagamentos são considerados ilícitos porque não aparecem na contabilidade oficial, mas sim em uma planilha paralela, típica de esquemas de corrupção, favorecimento ou desvio de recursos. Segundo a Polícia Federal, a principal forma usada para dar aparência legal ao dinheiro suspeito foi por meio de contratos de publicidade que, na prática, não eram verdadeiros. A investigação aponta que estes contratos não passavam de "ficção" e "estratagema", usados como estratégia para fazer o dinheiro proveniente da atividade criminosa desenvolvida pelo grupo parecer legítimo e voltar a circular na economia. Além dos nomes acima, a Polícia Federal investiga a participação dos ex-secretários municipais Vinícius Tadeu Sattin Rodrigues e Fausto Bossolo. A Justiça, inclusive, determinou que Rodrigo Manga não tenha contato com os dois. Ex-secretário de Saúde de Sorocaba (SP), Vinicius Rodrigues, e ex-secretário de Administração, Fausto Bossolo Câmara Municipal de Sorocaba/Divulgação O que dizem os citados A defesa do prefeito, representada pelo escritório Bialski Advogados Associados, disse que a investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba "é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente". "Além disso, é fruto de perseguição política, não havendo nada de concreto a relacionar o prefeito nesse inquérito policial. Ademais, indiscutivelmente temerário o afastamento do prefeito baseado em ilações sobre supostas irregularidades investigadas. Os supostos fatos remontam ao ano de 2021, o que demonstra a ausência de qualquer contemporaneidade capaz de colocar em risco a continuidade do exercício do legítimo mandato do chefe do Executivo Municipal. Mandato este, inclusive, conquistado nas urnas, de forma legítima e maciça." Os representantes de Josivaldo, Simone e da Igreja Cruzada de Milagres dos Filhos de Deus afirmam que jamais participaram de qualquer atividade ilícita e que todos os recursos da igreja e de seus sócios estavam devidamente declarados às autoridades desde 2018. Sobre os servidores municipais, citados na investigação, a Prefeitura de Sorocaba informou que não foi oficialmente notificada e que o setor jurídico do município não teve acesso ao conteúdo. Vinícius Rodrigues se manifestou dizendo que mantém seu posicionamento de que não tem envolvimento com os eventos ou com os contratos investigados pela PF. Habeas corpus negado Os advogados de Manga protocolaram, no dia 10 de novembro, um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). No dia seguinte, às 9h25 da manhã, apresentaram um complemento ao pedido. O documento tem 422 páginas e é assinado por seis advogados, que tentam convencer a Justiça a suspender as restrições administrativas impostas ao político. Apesar do pedido, o habeas corpus foi negado pela Justiça e não exclui automaticamente a investigação da Polícia Federal e não garante o retorno imediato de Manga à administração municipal. Ele segue afastado do cargo até abril de 2026, conforme decisão judicial. Sobre a operação A investigação que levou à operação teve início em 2022, após suspeitas de fraudes na contratação da Organização Social (OS) Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) para administrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde em Sorocaba. A OS fez a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden. O g1 e a TV TEM conseguiram, com exclusividade, em julho de 2024, acesso a documentos de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Rio Grande do Sul. Com base nessas informações e em outras reportagens publicadas, o g1 preparou uma linha do tempo sobre o caso, das reuniões em 2020 às operações em 2025. Os documentos traziam elementos, obtidos via interceptação telefônica e quebra de sigilo de mensagens, de que a relação entre os investigados e a OS começou antes mesmo da eleição de 2020 e teria sido conduzida diretamente por Manga. Os documentos já estão com promotores de Sorocaba. Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP) Arte g1 Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM